3 anos e cinco meses. E ela parou, parou porque quis!
Antes da maternidade, nunca tive ninguém próximo com uma boa experiência em amamentação. Minha mãe conta que amamentou por no máximo 4 meses. Minhas irmãs não chegaram a amamentar por 2 meses e o que eu mais ouvia era: Nossa família não tem leite. Amamentar é primitivo e que criança fica satisfeita com leite e maisena, entre mil outras coisas mais.
Minha pequena Maitê nasceu, cesárea – embora eu quisesse muito o parto normal – tanto que só me informava sobre partos, pouco me informei sobre amamentação na gravidez. O máximo que fiz foi esfregar o bico do seio com toalha e tomar 10 minutos de sol no bico. Bom, ela nasceu, nada humanizado, só veio pra mim 6 horas depois de nascida. Até hoje não sei se deram LA pra ela, ou se ela aguentou a espera, dizem que os bebês nascem com estoque de energia, né?
Ela chegou no quarto, a enfermeira colocou ela no meu peito, deu aquela primeira sugada: E eu pensei: – Nossa! não é tão ruim quanto falam. Os dois primeiros dias foram colostro e depois meu leite desceu. Ela ficava o dia inteiro no quarto comigo, houve uma noite em que ela ficou 6 horas, isso mesmo, 6 horas no meu peito e eu amei! A enfermeira perguntava se eu queria que a levassem pro berçário para descansar e eu dizia que: – Não. Naquela manhã meu leite jorrou e nunca mais parou.
Fomos pra casa e eu continuei firme e forte, o leite jorrava, usava conchas de amamentação e fazia tudo em livre demanda. Comentávamos que ela era a bebê “Tele-sena” até uns 3 meses ela mamava de hora em hora! Raramente passavam 2 horas (incluindo as noites).
Sempre tive apoio do meu marido, mas pelos outros parentes, já deveria inserir mamadeira e engrossantes pra que ela pudesse dormir mais. Mas eu fui firme e forte! Terei a vida inteira pra “dormir a noite inteira”. Eu estava curtindo aquele momento.
Ah, o pediatra! Ele é da digamos “velha guarda” e me orientou a introduzir frutinhas aos 4 meses! Adoro ele, mas como busco muita informação sobre aleitamento, já tinha lido que isto não é certo e descartei a orientação. Afinal, pediatras cuidam e previnem doenças de nutrição prefiro ouvir os nutricionistas.
Eu estava de licença maternidade até o 5 mês. Confesso que tentei introduzir meu leite na mamadeira, mas ela não pegava e eu no fundo sabia que não precisava insistir. Decidi que iria pedir demissão e trabalhar por conta própria em casa. Fazendo prospecção de clientes e editando textos. Entre um texto e outro, uma prospecção e outra, eu sempre oferecia o peito!
Naturalmente continuamos a amamentação, como ela sempre gostou de mamar a noite, aos 6 meses, eu e meu marido achamos melhor a cama compartilhada. Ela dormia comigo e pra mamar a noite eu nem precisava acordar – Fizemos isto até 2 anos e meio. Depois disto ela ganhou um quarto novo, adorou dorme nele, porém acordava a noite, ia pra minha cama mamar e voltava.
Foram 3 anos e 5 meses, alguns dias de exaustão e vontade de jogar tudo pro alto e eu pensava: vou ter que tirar essa menina do peito. As pessoas na rua me olhavam torto, quando aos 2 anos ainda, eu contava que amamentava eu ouvia coisas absurdas, inclusive já ouvi um: – Que nojo! Amamentar uma criança grande desse jeito. Oi? Nojo por dar amor?? O mundo tá esquisito mesmo!
Na escola, já me mandaram procurar psicólogo, enfim, a jornada foi longa. E eu tive que ser forte. Pensei em desistir. Errei. Tentei desmamar (por um dia, confesso), rs mas eu decidi que seguiria meu coração. Nunca acreditei no desmame abrupto. Seria cruel comigo e com ela.
Hoje ela não pede mais.
Há uns 30 dias que ela tem começado a largar, pedia vez ou outra, colocava na boca e parava, as vezes dia sim, dia não, ou só uma vez no dia (até uns 3 meses atrás ela mamava umas dez vezes por dia, incluindo as noites). Escrevo este texto cheia de lágrimas nos olhos….
Estou grávida de 16 semanas, desde que engravidei nunca pensei em parar. Indo contra os “conselhos” populares e do próprio obstetra que ainda teimam em dizer que continuar amamentando pode provocar um aborto. Isto NÃO é verdade. Eu li, muito, me informei e conheço vários relatos de mães que continuaram amamentando. Estudos mostram que amamentar o mais velho, não influencia em nada numa gestação e muito menos provoca aborto. E eu resisti, aos comentários e aos enjoos fortíssimos que eu venho sentindo e segui.
Enfim eu ficava pensando como as mamães conseguem amamentar 2? tenho amigas inclusive que engravidaram e continuaram a amamentar o mais velho, sempre achei lindo e possível e eu estava disposta a continuar, se ela quisesse!
Um dia brincamos com a Maitê (minha filha): – Xiii o bebê vai fazer cocô aí dentro!
Acho que isso ficou na cabecinha dela, aliado aos hormônios que devem alterar o gosto do leite, ela simplesmente optou por não mamar mais, de forma espontânea, foi diminuindo, diminuindo, colocava a boca, dava uma sugada e largava (por isso acredito que o gosto mudou), ou seja, simplesmente a vontade dela de parar. De fato, eu não sei. E, eu não insistia, mesmo porque, agora na gravidez, meus bicos estão hiper sensíveis e eu andava cansada e até hoje tenho MUITO enjoo.
Amamentação prolongada é difícil! Eu as vezes ficava cansada, exausta, reclamava, achava que tinha chegado no limite! Mas sabem de uma coisa? Foram os melhores 3 anos e 5 meses da minha vida!
Agora, tô eu aqui, sentindo uma baita falta dela grudadinha em mim, do vínculo de mãe e peito, que só que amamenta e gosta tem!
Ela, por sua vez, ainda beija o “tetê”, faz carinho, mas, pra mim tá difícil! E olha que foi natural, “ela não tirou de mim abruptamente”. Digo: “de mim”, sim! (Afinal, pra nós, mães, o desmame natural e gradual também é importante), eu também sofreria muito com o desmame abrupto, mas ainda assim, com toda minha maturidade, (risos), estou em crise de abstinência! Só de escrever este texto eu choro, choro….
E ela, (Ah! a natureza é sábia), como em qualquer desmame NATURAL está ótima e isso me conforta. Ela, inclusive, me conforta e diz: – Vou fazer carinho no “tetê” mamãe!
Fiz este relato, para mostrar e incentiva-las a amamentar sempre. Não importa o que façam ou digam. Não existe leite fraco! Existe o querer, a persistência. Maitê com seus 3 anos e 5 meses, nunca precisou tomar antibiótico, dou o mérito a amamentação exclusiva e em livre demanda até o 6º mês e a continuação em livre demanda até os seus mais de 3 anos.
Continuem a amamentar sempre, até quando eles quiserem, o desmame natural EXISTE E ELE ACONTECE, (houve uma época que eu duvidei disto, naqueles dias de cansaço extremo, cheguei a duvidar e achei mesmo que era “papinho de mãe radical”). Mas, por amor e talvez, sorte, eu continuei. Consegui!
Pra mim está mais difícil do que pra ela e olha que ela foi boazinha comigo, foi deixando meu “tetê” aos poucos. Agora imaginem pra uma criança o quão sofrido não é ter um desmame abrupto? Digo e repito: Respirem, esperem, o desmame NATURAL EXISTE e ACONTECE e vale a pena e embora, difícil pra mim, eu estou com aquele sentimento indescritível de: Missão, cumprida! Feliz, eu dei o meu melhor e isso não tem preço!
Nossa convidada de hoje para escrever este post é a Claudia Aloia. Faz de tudo um pouco, mas antes de qualquer coisa, é mãe de um lindo casal – a Maitê de 3 anos e está grávida do Gabriel, de 16 semanas. Jornalista, pedagoga e empresária. É uma das proprietárias do salão de beleza Mamãe Q Disse, um lugar especial para mães, bebês, crianças e pré adolescentes. Além de cortar o cabelo da criança, a mãe também pode se cuidar enquanto o filho se diverte na brinquedoteca. Quer saber mais? Curta a página do Mamãe Q Disse no facebook!